quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

DOUTOR MARCHA-À-RÉ

Segue abaixo o relato do perito papiloscópico Antônio Tadeu Nicoletti Pereira, presidente da APPES, deixando clara a posição do atual secretário de segurança, Henrique Herkenhoff, numa entrevista que teve com este acerca do nível de escolaridade a ser exigido para os que pretendem ingressar na instituição Polícia Civil.

Preocupa e surpreende a posição do secretário.
 

Preocupa porque soa como ameaça, mormente agora, que descobrimos inimigos que estavam até então mais ou menos escondidos – nem tão escondidos, a bem da verdade – dentro de nossa própria casa, conforme se deduz do ataque que foi feito aos níveis de escolaridade dos investigadores, peritos papiloscópicos, peritos em telecomunicações e agentes de polícia pela associação dos peritos criminais, utilizando-se para tanto do advogado da associação dos escrivães de polícia e de sua sede.

Surpreende porque vem de pessoa presumidamente inteligente e progressista, que deveria entender a necessidade de melhorar a instrução em todo o mundo como forma de tornar feliz a humanidade. E as Polícias Civis, assim como as demais instituições estatais, paraestatais e particulares, precisam trabalhar nesse exato sentido.

Não pode haver dúvida que a marcha do homem rumo à felicidade plena passa necessariamente pelo aperfeiçoamento de seu intelecto. Nesse contexto, o policial civil de qualquer cargo ocupado dará melhor contribuição com o seu trabalho se estiver posicionado num patamar de escolaridade superior. O melhor resultado só é conseguido com os melhores ingredientes. Isso é tão óbvio que nos faz desconfiar da sinceridade do secretário. Estaria ele mascarando sua opinião para se alinhar a uma posição governista?

Quando ele afirma que o curso de Direito, por exemplo, deveria ser exigência apenas para juízes, promotores e advogados, talvez se esqueça que nos primórdios da civilização essas funções já existiam, mas a exigência de substituir os rábulas por pessoas mais qualificadas foi uma consequência da marcha da EVOLUÇÃO.

Ou seja, pela linha de raciocínio jurássica do secretário, seria mais justo que ele também se incluísse entre aqueles ocupantes de cargos que não precisam de nível superior, pois julgar, acusar e defender é coisa tão antiga quanto o advento do homem sobre a Terra, época em que não havia o curso de Direito.

 A seguir, texto extraído do site da APPES (Associação dos Peritos Papiloscópicos do ES):

"A maioria absoluta dos cargos policiais não necessita de nível superior!" (Henrique Herkenhoff)

Há muito tempo não saímos tão preocupados de uma reunião como nesta última realizada com o Secretário de Segurança.
Para que vocês tenham uma ideia, peritos e policiais, o Secretário nos informou que não vê necessidade de escolaridade de nível superior para a quase totalidade dos cargos policiais. Que não vê necessidade de escolaridade de nível superior para peritos que trabalham com documentoscopia, grafotecnia, balística e para peritos que estão na linha de frente levantando vestígios em locais de crimes.
Também alegou não ver qualquer necessidade em escolaridade de nível superior para investigadores, agentes de polícia e escrivães. Para escrivães, o Secretário afirmou ser totalmente desnecessária a exigência de curso de Direito, inclusive.
Para que vocês tenham uma idéia do diálogo mantido na reunião, o Secretário informou ser totalmente desnecessária a exigência de curso de Direito para delegados de polícia, afirmando que os únicos cargos que necessitam de curso de Direito são: juiz, promotor e advogado.
O Secretário afirmou que se chegasse um pouco mais cedo, o concurso que está em andamento na Polícia Civil, incluindo cargos que há vinte anos lutam por sua realização, não seria realizado da forma em que está sendo.
Em face da posição inusitada do Secretário, preocupados com idéias que remetem a categoria policial a tempos execrados por todos, principalmente pela sociedade, estamos preparando um vídeo para ser exibido aqui no site da APPES, relatando algumas opiniões do Secretário, buscando mostrar a Sua Excelência por que entendemos de forma totalmente contrária.
Além disso, a APPES está preparando toda uma documentação para expor ao Secretário, deixando patente quais cursos superiores entende ser imprescindíveis para ingresso no cargo de perito papiloscópico e por quais razões.
A APPES estará brevemente convocando a categoria para uma Assembléia Geral, a fim de passar todas as informações referentes ao encontro com o Secretário.
As dificuldades que se avizinham para o Governador na área de segurança parecem iminentes!




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