sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SOMBRA MALIGNA

Renato Casagrande tem início conturbado à frente do governo

Por Renata Oliveira, do SeculoDiario


Com 40 dias na chefia do Executivo capixaba, o governador Renato Casagrande (PSB), começa a sentir o peso de suceder um sistema político esquematizado para ser unanimidade. Seu antecessor Paulo Hartung deixou uma série de obstáculos para que o socialista implante seu perfil administrativo, o que pode render-lhe desgastes políticos neste início de governo.

Seja em relação ao relacionamento institucional, seja às inúmeras lacunas deixadas nas áreas sociais, ou no comprometimento dos investimentos do Estado, o novo governador começa a receber em sua conta-corrente as cobranças das pendências do antigo governo. Para tentar driblar os problemas, Casagrande terá que buscar mecanismos de garantir o diálogo com as instituições e mostrar habilidade política para não pagar uma conta que é de seu antecessor.
Internamente, Casagrande vem tentando limpar a máquina, impregnada pelos aliados do governador antigo e as exonerações mostram como tem sido difícil mexer na estrutura do palácio Anchieta e das secretarias, que se transformaram durante o governo Paulo Hartung em feudos de seus aliados. Exonerar ou remanejar determinados servidores tem dado muita dor de cabeça.
A relação institucional também mostra suas dificuldades. O Judiciário e o Ministério Público Estadual (MPES) protagonizaram um dos episódios mais delicados do início do governo Casagrande, que foi a sanção do projeto de pagamento de resíduos legais, no valor de R$ 60 milhões. Embora o projeto tenha sido feito, aprovado na Assembleia e recebido por Paulo Hartung, o ex-governador deixou a assinatura para seu sucessor, que enfrentou o desgaste com a opinião pública em nome da manutenção da harmonia entre os poderes.
Na Assembleia Legislativa, a ingerência do governador Renato Casagrande na eleição da Mesa Diretora provocou uma reação dos deputados, expressada na derrubada de um veto. Embora a matéria tenha sido vetada por Paulo Hartung, o recado foi para o novo governador. Os deputados querem manter a governabilidade, mas exigem mais autonomia da Casa, algo impensado no período Paulo Hartung.
Dívidas sociais
Durante os oito anos do governo Paulo Hartung a situação nas áreas de saúde, educação e, sobretudo, na segurança pública foi crítica. Tanto que o governo foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), por tortura, mortes e superlotação nos presídios do Estado. A superlotação dos hospitais e falta de qualidade no atendimento também foram constantes.
A imprensa corporativa, porém, evitava entrar na discussão dos presídios e relegava o problema da saúde aos Prontos Atendimentos (PA). No mesmo dia da posse de Casagrande, dia 1 de janeiro, a imprensa passou a noticiar os problemas nos hospitais estaduais.

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