domingo, 13 de fevereiro de 2011

A SOMBRA NO PALÁCIO

O Espírito Santo vive um momento sui generis. Um governador entrando e outro ainda encarnado como governador. Situação clara na composição do governo. Chama atenção não terem trombado ainda.
Vão trombar? Pelo estilo do ex-governador Paulo Hartung possivelmente não. É do feitio dele agir através de agentes. Já o novo governador Renato Casagrande age de forma mais transparente. Mas enquanto a situação estiver no pé da ocupação dos espaços, há tempo para correções. Correções de Casagrande, lógico.

Inevitavelmente haverá em áreas como a dos direitos humanos, onde Paulo Hartung ultrapassou os limites. Produziu espetáculos como as masmorras. Casagrande anuncia uma abertura nessa área. Até pela escolha do ocupante da área, o petista e humanista Perly Cipriano. Acertou com Perly, mas errou ao manter Roncalli à frente da pasta da Justiça, que ainda é zelador que tem as chaves das masmorras na mão.
Século Diário está dizendo isso com a clareza de que Casagrande e Hartung são antagônicos nos direitos humanos e noutras áreas. Entre ela as sociais. Guinada revelada ainda no primeiro pronunciamento de transmissão do cargo na Praça João Clímaco. Confirmada pelos primeiros movimentos que dão conta da criação de um planejamento estratégico que vai além das questões econômicas.
Não dá para entender essa acolhida dada por Casagrande a Hartung entregando-lhe grande parte do seu governo. Não há identidade entre eles. Possivelmente esteja no rearranjo que proporciona tirar da frente o atual senador Ricardo Ferraço para que Casagrande pudesse virar governador. Surpreendentemente.
Gerou uma dívida política. Pois não há outra forma que justifique a generosidade de Casagrande entregando importantes cargos, pela natureza política de cada um. Adversa na essência e na conduta.
Como explicar a manutenção de figuras como Paulo Ruy Carnelli, alçado ao posto de secretário de Meio Ambiente, ou do homem símbolo da era Hartung, o agora presidente da Cesan, Neivaldo Bragato. Pesa ainda a relação do governo com a mídia através da milionária publicidade oficial entregue às agências de confiança do ex-governador. As mesmas empresas que forjaram esse “novo Espírito Santo”, que ficará sempre como uma sombra no palácio Anchieta.
Uma conta e tanto para o Espírito Santo pagar.      

Editorial de SéculoDiário em 11-02-2011.

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