quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

S.O.S.

Violência epidêmica


O estudo “Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil”, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Sangari, como não poderia ser diferente, coloca o Espírito Santo entre os estados mais violentos do País, no que se refere aos homicídios envolvendo jovens com idades entre 15 e 24 anos. Nessa faixa etária, o Espírito Santo ocupa a segunda posição no ranking nacional, ficando atrás apenas de Alagoas, a exemplo dos índices totais de homicídios.

Embora a pesquisa analise dados de 1998 a 2008, é na chamada Era Hartung (2003 – 2010) que a violência praticada contra os jovens se torna mais aguda. Em 2003, quando Hartung assumiu o poder, o número de homicídios por 100 mil neste grupo etário beirava 100; em 2006, no primeiro do segundo mandato de Hartung, a média já passava de 100 homicídios para cada grupo de 100 mil jovens; finalmente em 2008, último ano estudado pelo Instituto Sangari, o índice já atingia no Espírito Santo a impressionante marca de 120 homicídios/100 mil.
Para se ter uma ideia da truculência dos números capixabas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que acima de 10 homicídios por 100 mil a situação é de violência epidêmica. No caso do Espírito Santo, ainda precisamos aguardar a OMS criar um novo termo para classificar a taxa de 120 homicídios/100 mil.
Números à parte, os dados da pesquisa apenas confirmam a falta de investimentos no governo Hartung na área de segurança. O governo Hartung foi ausente nas políticas públicas de prevenção, principalmente entre os segmentos mais vulneráveis à violência, conforme aponta o estudo: jovens, negros e pobres.
Esse segmento da população foi alijado das políticas públicas governamentais e também foi pouco lembrado nos orçamentos municipais.
A falta de políticas públicas preventivas entre os jovens explica, em parte, os altos índices de violência que o Estado amarga nos últimos anos. Os especialistas em segurança já ficaram roucos de repetir que o recuo das taxas de homicídios começa pelos investimentos em políticas preventivas. Principalmente os programas voltados para o segmento jovem, negros e pobres.
É justamente esse grupo que está mais vulnerável às associações criminosas ligadas ao narcotráfico. Na guerra urbana diária, esses jovens que chamamos preconceituosamente de “bandidos” são os principais protagonistas da violência que engrossam nossas estatísticas de homicídios, ora como vítimas, ora como atores.

Editorial de SeculoDiario - 24/02/2011

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