Por Olavo de Carvalho, no Diário do Comércio, em 20 de
fevereiro de 2013
O Homeland Security está
distribuindo às escolas, igrejas, clubes e outras instituições um vídeo em que
ensina como reagir a um invasor armado de pistola, rifle ou metralhadora.
Receita número um: saia correndo. Número dois: esconda-se debaixo da mesa. Número
três: ataque o sujeito com uma tesoura, um hidrante, um cortador de papéis, um
grampeador ou algum outro instrumento mortífero em estoque no almoxarifado. E
assim por diante . (Não é gozação minha. Veja em http://www.youtube.com/watch?v=5VcSwejU2D0).
A hipótese de manter um
guarda armado ou de permitir que funcionários habilitados portem armas não é
nem mesmo mencionada. É exorcizada. Há lugares, é claro, onde o exorcismo não
funciona: a comissão de educadores da cidade de Newtown, aquela onde duas
dezenas de crianças morreram assassinadas por um atirador alucinado, já
declarou que vai seguir a sugestão da National Rifle Association e não as
lições sapientíssimas do Homeland Security.
Para sua própria proteção,
é claro, o Homeland Security apela ao remédio exatamente inverso daquele que
recomenda aos outros. Alegando, vejam só, "defesa pessoal", o
departamento acaba de comprar sete mil fuzis AR-15 – aquele mesmo que o governo
quer tomar dos cidadãos – e dois bilhões, sim, dois bilhões de balas hollow
point, daquelas que espalham estilhaços no corpo da vítima. Essa munição é
proibida para uso militar pela Convenção de Genebra, só podendo ser usada,
portanto, contra a população civil. O inferno não está cheio só de boas
intenções.