A
LONGA HISTÓRIA DO ÓBVIO
Se existe uma história
longa, contínua e bem documentada é a do esforço da esquerda nacional para
fomentar a violência criminosa e usá-la como instrumento de destruição
sistemática da ordem pública.
Na esfera cultural essa
história remonta à década de 1930, quando os escritores comunistas atenderam
alegremente ao apelo de Stalin para integrar o banditismo na luta ideológica. Capitães de Areia, de Jorge Amado, a
epopeia melosa da transfiguração de um delinquente juvenil em militante
revolucionário, foi um dos marcos dessa literatura de propaganda. Nos anos
1960, o Cinema Novo, um pseudópodo do Partido Comunista, ampliou para o terreno
do show business a apologia da
delinquência.
Na década seguinte, ao mesmo
tempo que a ideologia do bandido inocente contra a sociedade culpada se
espalhava nos jornais, nas novelas de TV e na rede pública de ensino, a
campanha passava à ação prática, com os terroristas presos na Ilha Grande
ensinando aos delinquentes comuns as técnicas de guerrilha urbana que hoje lhes
permitem organizar-se em grupos paramilitares aptos a sobrepujar a polícia e a
aterrorizar a população indefesa.
Nos anos 1980, quando a
demonização dos policiais se tornava a norma obrigatória na cobertura jornalística
de assuntos criminais, a simbiose do esquerdismo com o banditismo fazia
importantes conquistas no campo jurídico, promulgando leis que protegem os
criminosos e criando uma rede de advogados ativistas dedicados a amarrar as
mãos da polícia.
Em seguida, a fundação do
Foro de São Paulo trouxe a integração continental dessa parceria macabra,
montando uma rede de proteção mútua entre as organizações esquerdistas legais e
grupos criminosos como as FARC (narcotráfico) e o MIR chileno (sequestros), os
quais desde então puderam agir livremente no território nacional com certeza da
total impunidade.
Com a ascensão do PT à
Presidência da República, a esquerda, senhora absoluta das fontes de desordem,
passou a controlar também os meios de simulação da ordem, manipulando o país
com a onipotência de um psicólogo pavloviano
ante ratinhos de laboratório.
A entrevista que o
secretário de segurança pública de São Paulo, Saulo de Abreu, frustrando as
tentativas do jornalista Franklin Martins de cassar-lhe a palavra, acusou o
partido governante de cumplicidade direta com o PCC, não fez senão tirar a
conclusão lógica de uma história de sete décadas.
Ele se esqueceu apenas de
dizer que, se levarmos em conta a cumplicidade moral indireta e camuflada, não
haverá um só político ou intelectual de esquerda, dentro ou fora do PT,
habilitado a dizer-se inocente da produção deliberada de um estado de caos e
violência que, mesmo antes das recentes explosões homicidas em São Paulo, já
vinha matando 50 mil brasileiros por ano.
Enquanto uma nação
enfeitiçada pelo discurso esquerdista continuar se recusando a enxergar essas
obviedades, a onda homicida não cessará de crescer até que, atingido seu
objetivo de deter em suas mãos o poder total, a esquerda, como sempre fez em
toda parte, possa instituir o monopólio estatal do crime e dispensar a ajuda
dos grupos criminosos privados.
Artigo
de OLAVO DE CARVALHO, publicado originalmente no Jornal do Brasil em 10/08/2006
e republicado no seu livro "O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser
Um Idiota" (Editora Record, 7ª edição, 2013).
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