terça-feira, 2 de outubro de 2012

SONO: QUANTIDADE X QUALIDADE




Uma boa noite de sono, embora natural e imprescindível à saúde, transformou-se em privilégio de poucos e em martírio de muitos nos tempos atuais.  Ao menos, 42% da população mundial tem algum problema para dormir e em cerca de um terço das consultas médicas os pacientes reclamam da qualidade do sono, de acordo com pesquisas recentes. Em algumas regiões do planeta, como a África e a Ásia, por exemplo, 150 milhões de pessoas sofrem com noites mal dormidas, o que levou os governos locais a tratar a questão como epidemia.
 
Com tantas vítimas do mesmo transtorno é evidente que cientistas persigam soluções em forma de tratamentos e novas drogas. O que poucos sabem, no entanto, é que há muito tempo estudiosos tentam entender os mistérios do sono. Os primeiros relatos registrados são de 1.000 a.C. e até hoje não se sabe tudo sobre a real função deste período pelo qual passamos diariamente e quais são os caminhos para torná-lo mais eficiente e satisfatório. Existem inúmeras teorias baseadas em aspectos físicos e cognitivos que tentam descrever o sono. Um dos conceitos mais importantes foi criado em 1990 por Gualberto Buela-Casal, psicólogo espanhol especializado no tema, para quem o sono é um estado funcional, reversível e cíclico, com algumas manifestações comportamentais características, como uma imobilidade relativa e o aumento do limiar de resposta aos estímulos externos. Durante o sono, ocorrem variações dos parâmetros biológicos, acompanhados por uma modificação da atividade mental. A definição de Buela-Casal dá uma pista sobre a essencialidade e complexidade do que ocorre enquanto dormimos.

O que sabemos atualmente: o sono se divide basicamente em duas fases conhecidas por REM (Rapid Eye Moviment) e não-REM. O sono NREM possui três subfases com características específicas. A primeira (N1) é o estágio de transição, o início do sono; a N2 é a fase superficial, responsável por quase metade do período total de sono e, a N3, é quando ocorre a secreção e liberação de diversos hormônios, considerada a etapa mais profunda de sono. A fase NREM é responsável pela restauração física do indivíduo. O sono REM é o período onde ocorrem os sonhos e a restauração das funções cognitivas, como memorização, atenção e concentração.

É comum dizer que um adulto saudável deve dormir 8 horas por noite, mas esta afirmação é mais um dos mitos que se criou sobre assunto. Já se sabe que a quantidade ideal de horas de sono é uma variação individual. Algumas pessoas precisam de aproximadamente 5 horas de sono por noite – são os chamados curto-dormidores. Os longo-dormidores precisam de, no mínimo, 9 horas e os indiferentes, que constituem a maioria da população, dormem uma média de 7 a 8 horas por noite. A maior parte dos especialistas concorda que não há receita única para uma boa noite de sono. O ideal é dormir a quantidade de horas que seu organismo necessitar para que você acorde bem na manhã seguinte. Vale lembrar, porém, que, na maioria dos casos, somos obrigados a dormir menos do que gostaríamos. E dessa forma, passamos a viver, constantemente, privados de sono.

Resumindo: são muitos os problemas de sono existentes na sociedade em que vivemos, assim como são inúmeros os tratamentos e crescente o número de pesquisas sobre o assunto. E é sobre isso que trataremos nas próximas semanas. Entre as missões deste espaço está a de trazer novos dados e informações que garantam – aos que precisam – uma noite de bons sonhos.

Já disse qual a quantidade de horas de sono que devemos ter por noite. O ideal é dormir o tempo que seu corpo solicitar. Ele sabe do que precisa. Mas há um outro – e mais importante – fator a se levar em consideração quando falamos de sono: a qualidade. Um noite bem dormida está condicionada à ausência de dois aspectos essenciais. O primeiro é a restrição das horas de sono que pode resultar de uma demanda aumentada de trabalho, responsabilidades familiares, utilização de medicamentos, desenvolvimento de distúrbios como a apneia e a insônia, e estilos de vida inadequados. O segundo aspecto é a fragmentação, que normalmente é desencadeada por condições médicas ou fatores ambientais como temperatura, presença de ruídos e luz.

Uma noite mal dormida pode levar a prejuízo nas funções cognitivas, redução do tempo de reação, déficit de memória, falha de aprendizado, mudanças no estado de humor, fadiga, alterações metabólicas, endócrinas e cardiovasculares como quadros de hipertensão arterial e diabetes.

Para evitar esse quadro e buscar uma noite de sono mais tranquila procure seguir algumas regras para  ’Higiene do Sono’:

1- Mantenha com regularidade os horários de dormir e acordar, inclusive nos finais de semanas. Evite oscilações maiores do que 2 horas, para mais ou para menos;

2- Vá para cama somente quando estiver com sono. Não a utilize para outras atividades como ler, trabalhar ou estudar;

3- Evite assistir TV no quarto, pois é uma fonte de estímulos que pode aumentar o alerta pré-sono;

4- Evite cochilos longos (superior a 30 minutos) ou frequentes ao longo do dia;

5- Cuide e prepare o ambiente para dormir, controlando a luminosidade e os ruídos;

6- Evite ingerir bebidas estimulantes como chás, café e refrigerantes próximo ao horário de dormir;

7- Procure relaxar a mente antes de se deitar. Uma boa tática para isso é fazer alguns exercícios de alongamentos;

8- Pratique exercícios físicos regularmente, mas evite realizá-los muito próximo ao horário de dormir. Em algumas pessoas isso prejudica o início do sono;

9- Não fique “rolando na cama”. Se acordar durante a noite. Levante e retorne quando se sentir novamente sonolento;

10- Nunca utilize medicação para dormir sem a orientação de um médico especialista.

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