Nos
primeiros sete dias do ano, 42 pessoas foram assassinadas no Estado
Ano novo, insegurança
velha: 2013 começa com recorde de homicídios para o período. A última vítima
foi um porteiro que tentou impedir um arrombamento na Praia da Costa
O
porteiro Paulo Jorge Ferreira, 51 anos, foi morto com uma pancada na cabeça, à
1h30 de terça-feira, na Praia da Costa, em Vila velha, ao tentar evitar um
arrombamento. Além dele, outras 42 pessoas – dez a mais que no ano passado –
foram mortas nos primeiros sete dias de 2013 no Estado, de acordo com
estatística da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). O dado representa um
aumento de 31% no número de homicídios na primeira semana do ano em relação ao
mesmo período de 2012, o equivalente a um assassinato a cada quatro horas.
A
morte de Paulo, segundo informações de moradores do Condomínio Rio das Pedras,
situado na esquina das ruas Maranhão e Romero Botelho, na Praia da Costa, teria
ocorrido pelo fato de a vítima ter “desobedecido” a uma orientação dada aos
porteiros da noite: ao notar qualquer suspeita de crime, o profissional deve
ficar na guarita e acionar a Polícia Militar imediatamente.
No
entanto, Paulo estaria preocupado com o fato de que, há pouco mais de 20 dias,
a mesma loja localizada no térreo do edifício
ter sido arrombada e, também, no plantão dele como porteiro. “Talvez,
por isso, ele resolveu ver o que estava acontecendo, para ver se conseguia
impedir o arrombamento”, disse um morador do prédio.
No
primeiro roubo, os ladrões destruíram a porta da loja e furtaram um televisor.
Desta vez, furtaram roupas, produtos e outro televisor. Desta vez, mataram o
porteiro do condomínio.
O
corpo de Paulo foi encontrado caído na calçada do prédio, por volta de 1h30,
com uma perfuração na cabeça, não provocada por facada ou tiro. Os peritos
criminais disseram que somente um laudo do Departamento Médico Legal (DML)
poderia confirmar o que teria matado o funcionário.
A
polícia não descarta que a morte de Paulo tenha acontecido como queima de
arquivo, uma vez que o porteiro foi testemunha de tudo o que aconteceu durante
o furto à loja. A polícia investiga se os bandidos retornaram depois do
arrombamento para matá-lo e não deixar provas do crime.
Ligação
para a PM 30 minutos antes
De
acordo com o registro no celular de Paulo Ferreira, ele acionou o Centro
Integrado de Defesa Social (Ciodes) cerca de 30 minutos antes ter sido
assassinado. A polícia teria chegado ao local cerca de 50 minutos depois de ser
acionada. O Ciodes vai investigar a informação. O major Rogério Fernandes, do
4º Batalhão de Polícia Militar, em Vila Velha, responsável pelo policiamento da
região da Praia da Costa onde aconteceu o crime, informou que o tempo de
resposta da guarnição foi adequado. “Se houve atraso isso será apurado nas investigações”.
"Números
não são alarmantes"
O
secretário de Segurança Pública do Estado, Henrique Herkenhoff, diz que, apesar
do crescimento da quantidade de assassinatos nos sete primeiros dias do ano,
não há motivo para preocupação. “Os números ainda não são alarmantes”, avaliou.
Segundo ele, o período utilizado para a amostragem não é representativo
estatisticamente.
“O
comparativo de apenas uma semana não é significativo, pois a criminalidade
oscila o tempo todo, e um aumento agora não significa que teremos aumento
durante todo o mês, semestre ou ano”, avaliou.
Segundo
ele, os números apresentados até agora estão dentro da média de desvio
estatístico esperado. Não são, portanto, motivo para modificar um planejamento
que é feito com base em resultados a serem obtidos no longo prazo. Apesar
disso, o secretário informou que as estratégias de segurança estão sendo
reavaliadas constantemente.
“Cada
decisão tomada é baseada em um período específico de tempo. Caso os resultados
estejam fora do esperado, o planejamento é reavaliado e reajustado de acordo
com a demanda existente”, assegurou o secretário.
Demanda
Outro
ponto levantado pelo secretário foi o período em que essas mortes aconteceram.
De acordo com a avaliação dele, ocorre um aumento normal do número de
ocorrências nos dois primeiros meses do ano, pois há um acúmulo de festas, como
ano-novo e carnaval, e um aumento do fluxo de pessoas que frequentam as praias
do litoral no Estado, aumentando o trabalho da polícia.
PM
e guarda municipal atuarão juntos
As
cidades da Grande Vitória vão receber ajuda do governo estadual para reforçar o
combate à violência. O apoio foi anunciado ontem, durante a primeira reunião do
ano do programa Estado Presente. No encontro, o governo propôs aos municípios
que as guardas atuem de forma integrada à Polícia Militar.
“A
lógica é que as guardas complementem o trabalho da Polícia Militar porque,
hoje, a PM atende a muitas ocorrências que não são de natureza policial“,
acrescentou André Garcia, secretário de Estado de Justiça e Ações Estratégicas.
Participaram
do encontro os prefeitos de Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana. A
expectativa é que as cidades contem ainda com a ampliação do videomonitoramento
e reforço das guardas municipais.O edital de licitação das novas câmeras de
videomonitoramento será publicado em dois meses. Segundo o governo, a maior
parte dos equipamentos será instalada nas áreas atendidas pelo programa Estado
Presente.
Já
o pacote de ajuda aos municípios para a constituição e treinamento de guardas
civis municipais inclui a oferta de viaturas e armas não letais. (Rosana
Figueiredo)
Assassinatos
neste ano
Homicídios
Foram
42
Da
virada do ano até a meia-noite da última segunda-feira, dia 7: um assassinato a
cada 4 horas
Crescimento
31%
mais casos
Foram
registrados dez mortos a mais que em 2012
Sexo
36
homens e 6 mulheres
Morreram
seis homens para cada mulher
Grande
Vitória
Mais
da metade dos homicídios no período
Aconteceram
25 homicídios - 62,5% do total
Serra
12
crimes
Foi
o campeão, com 30% dos casos registrados
Interior
Apenas
um caso
Guarapari,
Sooretama, Anchieta, Aracruz, Cachoeiro, Pedro Canário, João Neiva, Conceição
da Barra, Muqui, Iúna e Jaguaré registraram apenas um homicídio cada
Vitória
Zerou
estatística
Não
houve registro de homicídios na Capital.
Fonte:
A Gazeta
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