quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

EXPLODE A VIOLÊNCIA. ISSO É SURPRESA?



Nos primeiros sete dias do ano, 42 pessoas foram assassinadas no Estado

Ano novo, insegurança velha: 2013 começa com recorde de homicídios para o período. A última vítima foi um porteiro que tentou impedir um arrombamento na Praia da Costa

O porteiro Paulo Jorge Ferreira, 51 anos, foi morto com uma pancada na cabeça, à 1h30 de terça-feira, na Praia da Costa, em Vila velha, ao tentar evitar um arrombamento. Além dele, outras 42 pessoas – dez a mais que no ano passado – foram mortas nos primeiros sete dias de 2013 no Estado, de acordo com estatística da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). O dado representa um aumento de 31% no número de homicídios na primeira semana do ano em relação ao mesmo período de 2012, o equivalente a um assassinato a cada quatro horas. 

A morte de Paulo, segundo informações de moradores do Condomínio Rio das Pedras, situado na esquina das ruas Maranhão e Romero Botelho, na Praia da Costa, teria ocorrido pelo fato de a vítima ter “desobedecido” a uma orientação dada aos porteiros da noite: ao notar qualquer suspeita de crime, o profissional deve ficar na guarita e acionar a Polícia Militar imediatamente.

No entanto, Paulo estaria preocupado com o fato de que, há pouco mais de 20 dias, a mesma loja localizada no térreo do edifício  ter sido arrombada e, também, no plantão dele como porteiro. “Talvez, por isso, ele resolveu ver o que estava acontecendo, para ver se conseguia impedir o arrombamento”, disse um morador do prédio.

No primeiro roubo, os ladrões destruíram a porta da loja e furtaram um televisor. Desta vez, furtaram roupas, produtos e outro televisor. Desta vez, mataram o porteiro do condomínio.

O corpo de Paulo foi encontrado caído na calçada do prédio, por volta de 1h30, com uma perfuração na cabeça, não provocada por facada ou tiro. Os peritos criminais disseram que somente um laudo do Departamento Médico Legal (DML) poderia confirmar o que teria matado o funcionário.

A polícia não descarta que a morte de Paulo tenha acontecido como queima de arquivo, uma vez que o porteiro foi testemunha de tudo o que aconteceu durante o furto à loja. A polícia investiga se os bandidos retornaram depois do arrombamento para matá-lo e não deixar provas do crime.

Ligação para a PM 30 minutos antes

De acordo com o registro no celular de Paulo Ferreira, ele acionou o Centro Integrado de Defesa Social (Ciodes) cerca de 30 minutos antes ter sido assassinado. A polícia teria chegado ao local cerca de 50 minutos depois de ser acionada. O Ciodes vai investigar a informação. O major Rogério Fernandes, do 4º Batalhão de Polícia Militar, em Vila Velha, responsável pelo policiamento da região da Praia da Costa onde aconteceu o crime, informou que o tempo de resposta da guarnição foi adequado. “Se houve atraso isso será apurado nas investigações”.

"Números não são alarmantes"

O secretário de Segurança Pública do Estado, Henrique Herkenhoff, diz que, apesar do crescimento da quantidade de assassinatos nos sete primeiros dias do ano, não há motivo para preocupação. “Os números ainda não são alarmantes”, avaliou. Segundo ele, o período utilizado para a amostragem não é representativo estatisticamente.

“O comparativo de apenas uma semana não é significativo, pois a criminalidade oscila o tempo todo, e um aumento agora não significa que teremos aumento durante todo o mês, semestre ou ano”, avaliou.

Segundo ele, os números apresentados até agora estão dentro da média de desvio estatístico esperado. Não são, portanto, motivo para modificar um planejamento que é feito com base em resultados a serem obtidos no longo prazo. Apesar disso, o secretário informou que as estratégias de segurança estão sendo reavaliadas constantemente.

“Cada decisão tomada é baseada em um período específico de tempo. Caso os resultados estejam fora do esperado, o planejamento é reavaliado e reajustado de acordo com a demanda existente”, assegurou o secretário.

Demanda

Outro ponto levantado pelo secretário foi o período em que essas mortes aconteceram. De acordo com a avaliação dele, ocorre um aumento normal do número de ocorrências nos dois primeiros meses do ano, pois há um acúmulo de festas, como ano-novo e carnaval, e um aumento do fluxo de pessoas que frequentam as praias do litoral no Estado, aumentando o trabalho da polícia.

PM e guarda municipal atuarão juntos

As cidades da Grande Vitória vão receber ajuda do governo estadual para reforçar o combate à violência. O apoio foi anunciado ontem, durante a primeira reunião do ano do programa Estado Presente. No encontro, o governo propôs aos municípios que as guardas atuem de forma integrada à Polícia Militar.

“A lógica é que as guardas complementem o trabalho da Polícia Militar porque, hoje, a PM atende a muitas ocorrências que não são de natureza policial“, acrescentou André Garcia, secretário de Estado de Justiça e Ações Estratégicas.

Participaram do encontro os prefeitos de Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana. A expectativa é que as cidades contem ainda com a ampliação do videomonitoramento e reforço das guardas municipais.O edital de licitação das novas câmeras de videomonitoramento será publicado em dois meses. Segundo o governo, a maior parte dos equipamentos será instalada nas áreas atendidas pelo programa Estado Presente.

Já o pacote de ajuda aos municípios para a constituição e treinamento de guardas civis municipais inclui a oferta de viaturas e armas não letais. (Rosana Figueiredo)

Assassinatos neste ano

Homicídios

Foram 42

Da virada do ano até a meia-noite da última segunda-feira, dia 7: um assassinato a cada 4 horas

Crescimento

31% mais casos
Foram registrados dez mortos a mais que em 2012

Sexo

36 homens e 6 mulheres
Morreram seis homens para cada mulher

Grande Vitória

Mais da metade dos homicídios no período
Aconteceram 25 homicídios - 62,5% do total

Serra

12 crimes
Foi o campeão, com 30% dos casos registrados

Interior

Apenas um caso
Guarapari, Sooretama, Anchieta, Aracruz, Cachoeiro, Pedro Canário, João Neiva, Conceição da Barra, Muqui, Iúna e Jaguaré registraram apenas um homicídio cada

Vitória

Zerou estatística
Não houve registro de homicídios na Capital.

Fonte: A Gazeta

Nenhum comentário:

Postar um comentário