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Tumulto no primeiro dia de plantão 24 horas da Delegacia da Mulher

Nesta sexta-feira e madrugada de sábado não houve escala especial e a unidade só teve uma delegada de plantão

O primeiro dia de atendimento do plantão 24 horas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), no bairro Ilha de Santa Maria, em Vitória, foi tumultuado. A delegacia começou a funcionar nesta sexta-feira (21) às 16 horas. Apesar de o plantão da delegada Cristiane Ulguim ter terminado às 8 horas deste sábado (22), ela ainda estava na delegacia até às 9h30 finalizando o seu trabalho. Durante a manhã, muitas pessoas ainda aguardavam atendimento. 

Uma auxiliar de cozinha de 57 anos, que não será identificada por segurança, acompanhava a filha de 16 anos que ia prestar queixa contra o companheiro, de 34 anos. Elas chegaram às 9 horas na delegacia. No entanto, a adolescente só foi recebida ao meio dia.

Para a auxiliar de cozinha, o atendimento deveria ser mais ágil, já que as pessoas que buscam a delegacia estão em uma situação de sofrimento. "O governador tinha que olhar por nós. O povo já anda tão sacrificado, massacrado e sofrido. A gente ainda vem para esse lugar nessas condições e fica esse tempo todo esperando. Está muito demorado", lamentou. 

Durante o plantão foram registrados três flagrantes, sendo um de lesão corporal, uma tentativa de homicídio e uma ameaça. Além disso, segundo a delegada, foram registrados diversos boletins de ocorrência. Ela não soube precisar o número exato. 

A delegada que assumiu o plantão seguinte, Millena Senhorinho, afirmou que a delegacia não possui a estrutura dos Departamentos de Polícia Judiciária (DPJs) e, por isso, o trabalho é mais lento. Ela enfatizou ainda que a unidade está em fase de adaptação para melhorar o atendimento.

"O plantão no período da noite, como foi o primeiro dia, foi bastante tumultuado. O que se espera é que o trabalho não seja assim, porque o atendimento aqui não é de um DPJ comum. O atendimento é mesmo para priorizar as vítimas de agressões domésticas. Queremos um trabalho eficiente", falou. 

Policiais militares também reclamaram do funcionamento da delegacia. O supervisor do policiamento em Vitória, tenente Jairo Luiz Gonzaga, disse, na manhã deste sábado, que alguns militares estavam na unidade, desde as 3 horas esperando para serem atendidos. Com isso, a viatura estava impedida de voltar à base da polícia e realizar rondas. 

Aos sábados, domingos e feriados, além das quatro delegadas plantonistas que se revezam, a unidade conta com uma delegada de plantão 12 horas para reforçar o trabalho. No entanto, na sexta-feira, não há essa escala especial e a delegacia só conta com uma delegada de plantão.

A assessoria da Polícia Civil informou, por meio de nota, que a equipe da delegacia é formada pela delegada Arminda Rodrigues, que coordena a unidade, e quatro novas delegadas, uma escrivã e quatro agentes e investigadores, além de policiais civis em escala especial. Por enquanto, não há previsão de mudança no funcionamento da unidade.

O plantão na Delegacia da Mulher da Ilha de Santa Maria funciona de segunda à sexta-feira, das 16 às 8 horas do dia seguinte. Aos sábados, domingos e feriados, o atendimento é 24 horas. Fora do horário de atendimento da unidade, as pessoas devem procurar as delegacias especializadas de atendimento à mulher de cada município, que funcionam das 8 às 18 horas.

Violência em dados

Dados divulgados pela Coordenadoria de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) apontam que nos últimos cinco anos, no Estado, foram abertos 14.994 processos relacionados à violência contra a mulher e expedidos 13.663 medidas protetivas. No mesmo período, 453 réus receberam sentença pedindo a condenação por crimes de violência contra a mulher e 10.011 processos foram concluídos.

O município de Vitória lidera o número de ações protocoladas, são 9.798. A capital é seguida por Colatina (868), Cachoeiro de Itapemirim (500), Nova Venécia (419) e Serra (418).

(Com informações de Samanta Nogueira)