Os
esqueletos de Hartung
Só
esta semana mais dois esquemas foram desvelados, ambos na Sejus. Além das
quentinhas, veio à tona os contratos de informática da 7 Lan
A cada semana aparece um
ou dois esqueletos enterrados por Paulo Hartung e seus aliados mais fiéis.
Depois do Posto Fiscal Fantasma e do esquema de incentivos do Instituto
Sincades, foi a vez dos contratos suspeitos da Secretaria de Justiça
apresentarem irregularidades.
No início da semana,
Século Diário noticiou que o Tribunal de Justiça manteve a decisão do juiz a 3ª
Vara dos Feitos da Fazenda Pública Estadual e ratificou o bloqueio dos bens do
ex-secretário estadual de Justiça, Ângelo Roncalli, e das irmãs e sócias Marli
e Mariza dos Santos Quintino, donas da empresa que fornecia “quentinhas” para
boa parte das unidades prisionais do Estado. Motivo: irregularidades nos
contratos, muitos deles sem licitação.
Nesta sexta-feira (28),
outro esquema da Sejus veio à tona. Após auditoria da Secretaria de Estado de
Controle e Transparência (Secont), a atual gestão da Sejus decidiu rescindir os
contratos de prestação de serviços de manutenção preventiva de rede de dados e
dos equipamentos de informática das unidades prisionais com a empresa 7 Lan,
que entre 2009 e 2012 faturou mais de R$ 11 milhões em contratos com a pasta
comandada por Roncalli até setembro do ano passado.
Motivo: a Secont achou
irregularidades no processo licitatório, na execução dos contratos, no
pagamento das faturas e nas renovações contratuais.
O caso da 7 Lan merece
mais algumas linhas para que o leitor compreenda melhor como funcionavam os
“esquemas” na Secretaria chefiada por Roncalli.
Desde 2011, o Tribunal de
Contas do Estado já havia apontado irregularidades nos contratos com a empresa.
A mais gritante informava a Roncalli que o proprietário da 7 Lan era também
funcionário da Sejus, especificamente o gerente de Tecnologia, que ocupava
cargo em comissão.
Apesar da ilegalidade,
Roncalli ignorou o aviso do TCE, reforçado pela Procuradoria-Geral do Estado
(PGE), que também apontou a “anomalia”. Mas Roncalli, na condição de
remanescente do governo Hartung, não se importou com as recomendações.
A exoneração do
funcionário só ocorreu cerca de um mês após Roncalli deixar a Sejus por causa
de outro escândalo, apurado pela Operação Pixote, que desvelou um desvio de
cerca de R$ 30 milhões entre o Iases (autarquia subordinada à Sejus) e a Ong
Acadis.
Recapitulando, em pouco
mais de dois anos, só da Sejus, por enquanto, saíram três esqueletos: Operação
Pixote, esquema das quentinhas e os contratos com a 7 Lan.
Não se pode esquecer que
Ronacalli, eterno carcereiro das masmorras e um dos integrantes do núcleo duro
de Hartung, movimentou, só na construção de unidades prisionais – a maioria sem
licitação (assim como quase tudo que se fez na Sejus), mais de meio bilhão de
reais.
Ficam fora dessa conta
astronômica os contratos para distribuição de marmitex, lavanderia, kit de
higiene e limpeza, equipamentos de segurança, prestação de serviços (7 Lan, por
exemplo) e até o fornecimento de água para as unidades prisionais. Só para
citar os que vieram de imediato na memória.
Se as coisas continuarem
nesse ritmo, a tendência é que novos esqueletos apareçam. E olha que na Sejus
deve ter muita coisa enterrada.
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