sábado, 29 de janeiro de 2011

FIQUE VIVO, COLEGA! SUA FAMÍLIA AGRADECE.

Sobrevivência no combate ao crime

O policial recém saído dos bancos acadêmicos encontra, com certeza, sérias dificuldades em seu dia a dia. O auxílio de policiais mais experientes é, sem dúvida, o remédio mais eficiente no combate a essas situações críticas. Porém, a principal atividade que poderá salvar sua vida nas ruas é o treinamento constante; treinamento físico, técnico e psicológico.
A rotina é a maior inimiga do policial e deve ser combatida diuturnamente. Um único momento de distração pode trazer conseqüências fatais e, para evitar isso, o policial deve encarar todas as ocorrências com a mesma atenção e profissionalismo.
A vibração com a carreira e a vontade de mostrar serviço são comuns a todos os recém formados e até mesmo aos policiais mais antigos, porém, durante sua atuação profissional, estes devem balancear o desejo pelo sucesso com muito bom senso. As ações burocráticas, de extrema importância para toda e qualquer força policial mundial, podem ser estudadas demoradamente e reavaliadas por diversas vezes. Já nas ações de rua, uma decisão muitas vezes deve ser tomada em questão de segundos, produzindo efeitos imediatos e envolvendo o risco direto de muitas vidas.
O exercício da profissão policial não pode ser levada como um mero emprego, mas sim como um sacerdócio, pois não são poucas as vezes em que o policial precisa abrir mão do convívio familiar, de horários e de fins-de-semana, para exercer com plenitude suas atribuições de defensor da sociedade, mesmo sabendo que nem sempre será reconhecido por seu trabalho.
Algumas preocupações e observações devem estar sempre presentes na mente de um bom policial, para que este logre êxito em sua profissão:
1) O policial não é um super-homem;
2) Jamais deve sair para as ruas sem antes checar sua arma, seu instrumento de trabalho;
3) Se, ao avaliar uma situação, um ato lhe parecer estúpido, mas este ato funciona, então não é um ato estúpido;
4) Durante uma troca de tiros, deve sempre se manter abrigado, não se tornando um alvo;
5) Nunca deve atirar desnecessariamente, pois isto poderá colocar a vida de terceiros e a missão em risco;
6) Não deve deixar uma arma carregada, se não houver necessidade, principalmente se se tratar de armas automáticas e espingardas calibre 12;
7) Deve sempre empregar seus conhecimentos e seu potencial em missões e durante todo o aprendizado, mas sendo sempre humilde para receber informações que podem lhe salvar a vida;
8 ) O bom policial precisa acreditar em todas as missões que lhe são confiadas, por mais simples que possa lhe parecer, ela pode tirar-lhe a vida;
9) O trabalho em equipe é sempre o melhor trabalho;
10) Se o inimigo está em seu campo de alcance, você também estará no dele;
11) Deve ser profissional, sempre respeitando a capacidade de ação do inimigo;
12) Não deve fazer ou tomar atitudes para as quais não foi preparado.

Abordagem

Abordar é o ato de aproximar-se de uma pessoa, a pé ou motorizada e que emana indícios de suspeição, que tenha praticado ou que esteja na iminência de praticar ilícitos penais.
Muitas mortes de policiais estão ligadas diretamente a abordagens executadas ou planejadas de maneira equivocada. A doutrina policial nos ensina que uma abordagem segura, no aspecto efetivo, deve contar com três policiais para cada abordado. Porém, na prática, isso raramente acontece, fazendo com que as atenções devam ser redobradas.

O policial, ao efetuar uma abordagem, deve observar alguns aspectos basilares para que possa salvaguardar sua vida:
1) Segurança – É a certeza, a confiança, a garantia, a condição de estar seguro. Basicamente é estar cercado de todas as cautelas necessárias para a eliminação dos riscos de perigo.
2) Surpresa – Ato ou efeito de surpreender, aparecer inopinadamente. O fator surpresa, além de contribuir decisivamente para a segurança da equipe, é dissuador psicológico da resistência do abordado.
3) Rapidez – Qualidade de ser rápido, instantâneo, ligeiro, veloz. O princípio da rapidez, dentro da progressão policial, visa impossibilitar uma reação por parte do abordado.
4) Ação vigorosa – Maneira como se exerce uma força física. Não se pode confundir vigor com arbítrio. O policial deve fazer com que o infrator da lei sinta que há decisão de sua parte, neutralizando o menor esboço de reação. O importante é o impacto psicológico, a postura e a conduta, fatores inibidores de uma possível reação.
5) Unidade de comando – Ao se realizar uma abordagem, certos comandos verbais devem ser emitidos visando o entendimento por parte do abordado das ações que deva realizar. Somente um dos policiais da equipe deve ser incumbido de comandar a abordagem e de dar as ordens, pois se vários policiais emitirem ordens ao mesmo tempo a confusão dominará a ação policial, prejudicando seriamente seu êxito.
Nem sempre nas abordagens do dia a dia todos estes aspectos estarão presentes. Portanto, cabe ao policial avaliar os riscos da ação e a oportunidade da sua realização, pois uma prisão pode ser efetuada hoje, amanhã ou até mesmo no ano que vem, porém sua vida é uma só.

Progressão policial

A progressão do policial em locais críticos vem se tornando alvo permanente de estudos técnicos, devido aos altos índices de mortes ou de ferimentos de policiais, de reféns e de terceiros, quando da transposição de tais locais.
As escadas são locais considerados como críticos para a progressão do policial, pois nos deparamos constantemente com curvas e ângulos mortos onde, geralmente, o domínio é do oponente, que estará acima de nós.

As janelas, segundo estatísticas, são locais onde muito policiais morreram ou foram feridos por não saberem como progredir. É imprescindível que se evite exposições do corpo frente a uma janela, mesmo que esta esteja coberta por cortinas, onde a silhueta ficará marcada pela luz.
Conhecidas como “funil fatal”, as portas devem ser transpostas com o máximo de cuidado, utilizando-se, sempre que possível, espelhos ou técnicas de tomada de ângulo (“Quick Peek” – ver em Combate em ambientes fechados). O policial deve lembrar-se sempre de empurrar a porta até seu limite, evitando desagradáveis surpresas que possam estar por trás.
A transposição de quaisquer obstáculos, como muros e paredes, deve ser rápida e nunca na posição totalmente em pé, pois é importantíssima a presença de cobertura no momento.
O policial não deve passar por armários, cortinas, camas, biombos ou outros móveis que possam abrigar uma pessoa, sem antes revistá-los como possíveis esconderijos, o que possibilitaria um oponente às suas costas.
Ao aproximar-se de um veículo em uma barreira, o policial deve procurar fazê-lo pela retaguarda, aproveitando o ângulo morto proporcionado pela coluna lateral do veículo, nunca colocando-se totalmente em frente à janela. Deve observar atentamente o interior do veículo, fazendo com que o motorista tenha que girar a cabeça para trás para apresentar seus documentos. O policial nunca deve entrar na linha de tiro do seu apoio (segurança), se acaso houver algum.

Técnicas durante uma troca de tiros

O emprego de armas de fogo é o momento mais sensível da atividade policial, pois situações irreversíveis poderão advir. Dessa forma, todo policial, principalmente os mais novos, deve ter em mente algumas técnicas desenvolvidas a partir da experiência de policiais que viveram tais situações em seu dia a dia, para que o nível de stress e de adrenalina não comprometa o sucesso da operação.
1) Nunca portar sua arma pessoal em bolsas ou “pochetes” com zíper;
2) A falta de manutenção constante pode prejudicar o funcionamento da arma, custando-lhe a vida;
3) Nunca utilizar munição recarregada no serviço policial;
4) Utilizar somente o equipamento necessário para cada operação, evitando, assim, sobrecarregar-se de supérfluos;
5) Nunca disparar sua arma a esmo;
6) Durante perseguições motorizadas, tiros em pneus são extremamente perigosos, pois além de difíceis, podem atingir terceiros que estão nas imediações;
7) Deve-se ter muito cuidado em perseguições à pé, pois a tocaia é um expediente muito utilizado por marginais em fuga;
8 ) O policial deve lembrar-se que marginais também trabalham com segurança, portanto, muita atenção antes de reagir a um assalto ou efetuar uma prisão;
9) Durante uma troca de tiros, ocorre uma grande elevação do nível de adrenalina no sangue. Estudos nos mostram que a visão periférica do policial é diminuída, formando uma espécie de túnel. Seus batimentos cardíacos e sua respiração elevam-se a níveis extremos. É o chamado “stress fire”. Para enfrentar tais situações, o policial deve receber treinamentos específicos;
10) O policial nunca deve abandonar uma posição coberta, sem ter planejado para onde vai, como vai e quando deve deslocar-se;
11) Não se deve usar o dedo pressionando constantemente a tecla do gatilho, principalmente em situações de “stress fire”;
12) Sempre que possível, o policial deve utilizar o colete balístico e uma arma “back-up”.

Reação em situações de risco

O policial deve ter sempre em mente, ao deparar-se com uma situação de risco, que para cada grau de risco ou ameaça corresponde um nível de resposta da organização policial. Esse nível sobe gradativamente na hierarquia da entidade, na medida em que cresce o vulto da crise a ser enfrentada. Dessa forma, deve-se utilizar novamente o bom senso, pois existem situações que podem ser debeladas com recursos locais e outras que necessitam do emprego de forças especializadas.
O policial, como profissional de segurança pública, deve ter a responsabilidade de evitar decisões “bairristas” e acionar, nos casos necessários, os recursos especializados de que disponha para a solução de eventos com alto grau de risco, não expondo a sua vida e muito menos a de terceiros, dos quais tem a responsabilidade funcional e moral de preservar.
Podemos observar diariamente, através da imprensa escrita e televisiva, ocorrências com morte de policiais, envolvidos em reações a infrações como o roubo à mão armada e até mesmo sendo mantidos em cárcere privado, durante invasões à delegacias que visam a libertação de presos.
Existem alguns procedimentos que podem minimizar os efeitos desastrosos que uma reação inoportuna pode causar nesses tipos de situações:
1) Manter-se calmo;
2) Cumprir as ordens dos criminosos;
3) Não discutir atitudes ou providências da Polícia;
4) Fazer anotações mentais de todos os movimentos, deslocamentos, sinais, placas, avisos, cheiros, ruídos etc;
5) Guardar as características dos criminosos, como sotaques, hábitos etc;
6) Somente tentar uma fuga após a reavaliação das possibilidades de êxito;
7) Evitar comentários provocadores;
8 ) Procurar ganhar tempo;
9) Evitar a empatia;
10) Tentar controlar e contornar as humilhações com o poder mental;
11) Não dar as costas a um criminoso armado;
12) Não tratar diferentemente as mulheres que participam do crime;
13) Só reagir, quando em inferioridade, em último caso e para preservar a própria vida ou a de terceiros.
E lembre-se sempre:
1) O policial deve ser e não parecer;
2) O suor expirado em treinamentos poupa o sangue que seria derramado nas ruas;
3) Ouvir muito, ver muito e falar pouco;
4) Ninguém é melhor que ninguém;
5) Não basta querer, é preciso agir;
6) O sucesso tem muitos pais, o fracasso é órfão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário