PREVALECE,
EM TODO O BRASIL, UM AMPLO PODER DO EXECUTIVO
O Brasil é um país
complexo e desigual em termos socioeconômicos, assim como é nosso arranjo
político institucional. Somos uma federação "sui generis" em que até
os municípios são entes federados, totalizando quase 6.000 unidades
federativas.
Nelas há Poderes Executivo
e Legislativo cujos ocupantes são escolhidos por sistemas eleitorais
diferentes, majoritário e proporcional, e para os quais se lançam milhares de
candidatos.
Nesse arranjo persistem as
desigualdades que marcam o país. Por princípio, Executivo e Legislativo são
Poderes equivalentes que devem se contrabalançar. Contudo, o que se observa em
todo o Brasil é um incontrastável predomínio do Executivo.
No âmbito dos Estados a
situação não é diferente. Ainda que o poder dos governadores frente ao governo
federal tenha diminuído nos últimos 20 anos, frente ao Poder Legislativo
estadual eles ainda podem ser considerados os "barões da federação",
tal como os definiu o cientista político Fernando Abrucio.
Nenhum dos atuais
governadores enfrenta qualquer oposição consistente nas casas legislativas.
Todos eles gozam de amplíssima maioria para fazer seus interesses.
Teoricamente, as
Assembleias são a casa do povo nos Estados, onde deveriam ser formuladas,
debatidas e votadas as leis de interesse da sociedade. Seria também o local
onde os governadores deveriam ser fiscalizados.
Não é o que acontece. As
Assembleias não cumprem o seu papel, os eleitores não as reconhecem e os governadores
passam por cima delas.
Deputados estaduais,
muitos com pendências e condenações, parecem estar ali de passagem para cargo
de maior visibilidade. Já a população, que paga seus salários, nem sequer toma
conhecimento do que eles fazem.
Autor:
JOSÉ PAULO MARTINS JUNIOR (doutor em ciência política e chefe do Departamento
de Estudos Políticos da Unirio).
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