terça-feira, 5 de abril de 2011

ELE ENGANARÁ A MUITOS POR MUITO TEMPO?

Você não me engana!
Vitrine blindada

Uma lição aprendida com o projeto político implantado por Paulo Hartung no Estado é que esse tipo de dinâmica de concentrar esforços e recursos no controle político, deixando de lado as demandas sociais, pode causar prejuízos futuros e que a vigilância tem de ser permanente.

Hartung assumiu o governo em 2002, com a bandeira da faxina ética. Conseguiu arregimentar o apoio da Igreja Católica, na figura do arcebispo emérito do Estado, Dom Silvestre Scandian, e do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Espírito Santo, Agesandro da Costa Pereira.
Nessa função conseguiu o respaldo social necessário para não ser cobrado para adotar medidas de resposta à população. Paralelo a isso, conseguiu uma antecipação de royalties de petróleo que garantiu acertar financeiramente a divida com o funcionalismo.
Depois disso, com uma rígida etiqueta, arregimentou as forças políticas e as instituições, criando um total controle do Estado, baseado na troca de favores para deputados estaduais e liberação de altos montantes de recursos para o Judiciário e o Ministério Público.
Em 2006, Hartung se reelegeu com a bandeira da Educação. É verdade que a estrutura de algumas escolas melhorou, mas não o serviço oferecido ao ensino médio, até porque os demais serviços voltados à população continuaram sem atendimento.
Acabado seu governo, e com a ascensão de Renato Casagrande (PSB) – a contragosto de Hartung, diga-se de passagem – a promessa de um governo voltado para o social poderia colocar em xeque a perfeição vendida pelo  governo de Hartung. O ex-governador antecipou-se ao fechar o cerco a uma das áreas mais sensíveis, emplacando seus aliados na cúpula da Segurança.
Mas, como eu disse, essa política é frágil e a segurança não era o único gargalo. Bastou o esperneio da iniciativa privada para a manutenção da sórdida política de mercado aplicada à compra de leitos na rede privada para se expor uma herança maldita herdada por Casagrande. De início até se tentou colocar no colo do novo governador a fatura de uma conta aberta ainda antes de Hartung virar governador.
Mas, depois de oito anos de ausência do Estado nestas questões, foi inevitável aprofundar o debate, mostrando os gargalos causados por uma gestão voltada aos interesses do mercado, como tudo que se fez no governo Hartung, desenvolvimentista assumido, blindou sua vitrine e fechou os olhos para as necessidades da população.
Com a blindagem ameaçada, Hartung retorna ao Estado e terá a dura tarefa de envernizar mais uma vez sua imagem. Não é de se estranhar a ainda fiel imprensa, subitamente cessar as manchetes alarmantes das mortes nas portas dos hospitais. Será que a simples assinatura de um contrato com a iniciativa privada de leitos de média complexidade e clinica foram suficientes para acabar com toda a superlotação do São Lucas e do Dório Silva, em apenas alguns dias? A coluna acredita que não.

Renata Oliveira, de SéculoDiário

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