domingo, 27 de março de 2011

E AGORA, PH?

A grande farsa começa a ser desmontada


Capitão Assumção

Nessa última quinta (24), oito anos depois que o forasteiro e ex-secretário de segurança do Espírito Santo, campeão em homicídios dolosos, que acabou se tornando deputado estadual, montou um grande espetáculo pirotécnico em torno da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, transformando um crime de latrocínio em um crime de mando, assistimos a primeira derrota da grande encenação armada .

Agora, por intervenção de uma vendedora de picolé, Maria das Graças Nacort, Presidente da ONG Associação de Mães e Familiares de Vítimas de Violência do Espírito Santo, o cenário promete mudanças. Inconformada com a covardia feita a dois sargentos da PM capixaba (Sgt Ranilson e Sgt Valêncio), colocados na trama diabólica, tornados intermediários, condenados, execrados pela opinião pública e pela imprensa corporativa, expulsos da PMES e sem terem nenhum tipo de participação no crime de latrocínio, ela promete não descansar enquanto a verdade não vir à tona.

Qualquer estudante de direito em seu primeiro período, ao ler as peças do inquérito, nitidamente reparará que o espetáculo foi montado para descaracterizar o assalto orquestrado pelos réus confessos, Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Gilliard Ferreira.

Uma mentira repetida várias vezes...

O receio de que a farsa acabasse sendo desvendada foi tão grande que o então secretário da (in) segurança pública juntamente com outro juiz, que vivia à sombra do magistrado assassinado, procuraram o romancista Luiz Eduardo Soares e resolveram espetacularizar a morte do Dr. Alexandre transformando esse roteiro falacioso em um livro tendencioso chamado “Espírito Santo” onde reforçam a “tese” de crime de mando. O governador, macomunado com o Secretário Midiático, tratou de reforçar a mentirada, “homenageando” o juiz com nome de Terminal de ônibus e o dia 24 de março acabou virando, por lei, dia estadual de luta contra o crime organizado no Espírito Santo. Seria cômico se não fosse trágico...

O período de exceção que assolou o estado do Espírito Santo durante a gestão das trevas do Imperador, então governador estadual, fez com que as principais autoridades policiais, da justiça criminal e afins se calassem, mesmo sabendo do ambiente de picadeiro montado em cima da morte de Alexandre. Ninguém em sã consciência resolveu contestar. Muito pelo contrário. Alguns se promoveram às custas da falácia arquitetada. Outros saíram do anonimato e da sombra do Juiz Alexandre e ganharam holofotes. E todo o dia 24 de março começou a ser marcado por manifestações, seminários e fóruns que contribuíram para reforçar a idéia de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, autor da frase ”uma mentira repetida várias vezes torna-se verdade”.

Com os assassinos e os “intermediários” presos e condenados, e sem a condenação dos supostos “mandantes”, que até hoje não foram julgados, a “justiça” parecia ter sido feita. Bastava continuar com o espetáculo anual para reforçar o conceito de Goebbels.

Federalização

Mas, achando que o show já havia consolidado a opinião de todos, em decorrência dessa soberba acometida aos articuladores do mau, eles acabaram dormindo no ponto.
Maria das Graças, compadecida pelo sofrimento das famílias e das carreiras destruídas dos dois sargentos, condenados sem nada dever, entra em cena e na simplicidade de quem sai às ruas diariamente para trazer o sustento ao lar vendendo picolé, sem desanimar, vai para fora do Estado buscar socorro para uma consistente apuração desse crime na instância federal.

Para surpresa dos que estavam acostumados a pairar acima do bem e do mal, justamente no dia em que a farsa estabeleceu como o dia estadual de luta contra o crime organizado no Espírito Santo, o Ministério Público Federal lança uma ducha fria nos pusilânimes, anunciando a federalização do crime, a pedido de dona Maria das Graças. Todas as cópias do quixotesco processo serão agora encaminhadas ao Procurador Geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos. Que se faça a justiça.

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