sábado, 12 de março de 2011

MISTÉRIOS CAPIXABAS

Por que Roncalli?


Durante a vida, nos deparamos com um punhado de situações que nos deixa um tanto encasquetados. Em época de Copa do Mundo isso se torna mais evidente. No País do futebol, os mais de 190 milhões de “técnicos” querem porque querem palpitar na escalação da seleção brasileira. “Tira esse perna-de-pau e põe aquele do meu time que é muito melhor jogador”, e assim por diante.


Bairrismo à parte, alguns pitacos do povão não transigem somente ao amor à camisa do clube de coração. Por exemplo, na última Copa, se Dunga ouvisse o senso comum, Felipe Melo estaria fora. E o instinto popular é sábio. Tanto é que deu no que deu...

Muita gente até hoje inconformado, gostaria de parar Dunga na rua e perguntar: “Por que você insistiu tanto com o Felipe Melo?” ou “Por que você não convocou o Ganso ou o Neymar?”. Perguntas que, provavelmente, vão ficar sem respostas.

No Espírito Santo, respeitando as devidas proporções de histórias e personagens, vivemos situação semelhante com o secretário de Justiça, Ângelo Roncalli. Sua permanência à frente da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), não deixa de encasquetar muita gente.

Desde 2006, quando assumiu a Sejus, o secretário tem sido alvo de críticas de uma representativa parcela da população. Depois que as “masmorras” patrocinadas pela dupla Hartung-Roncalli foram à Organização das Nações Unidas (ONU), em março do ano passado, o clamor popular que pedia a saída do secretário ganhou a força de um Tsunami.

Submetida às cortes internacionais, as masmorras passaram a ser um caso de interesse do governo federal. À época, os conselheiros mais próximos de Hartung sugeriram que a cabeça de Roncalli fosse entregue em sinal de sacrifício para preservar a imagem do ex-governador.

Curiosamente, não foi isso que aconteceu. Hartung, não se sabe ao certo ou não se pode provar, não podia “fritar” Roncalli por algum motivo muito forte. Depois de todo o escândalo e repercussão do caso das masmorras, Roncalli, para surpresa de todos, sobreviveu.

Não só sobreviveu, como se fortaleceu. A espessura de sua blindagem pôde ser conferida quando o governador Renato Casagrande, mais uma vez para a surpresa de muita gente, manteve o secretário com as chaves das masmorras na mão.

Como denunciado na reportagem desta edição, e em tantas outras que esse diário já publicou, o secretário dá mais uma mostra da sua incompetência ao permitir que agentes penitenciários se joguem na “cova dos leões” sem treinamento. A matéria revela que há sete meses os agentes são submetidos às mais diversas rotinas de risco, contando apenas com o bom-senso, instinto, “conselhos” dos colegas e uma boa dose de sorte. Inacreditável!

Voltando ao caso do futebol, em cujo coletivo comum, sempre sábio, fala mais alto, imagino que muitos capixabas dariam tudo para topar com o Casagrande na rua e disparar a pergunta: “Por que Roncalli?”
Editorial de SéculoDiário em 12/03/2011

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